Nas eleições municipais do ano passado o Democratas teve na Bahia o seu melhor resultado desde 2004. Após o declino no número de prefeituras entre 2004 e 2016, o partido emergiu e venceu em 9 das 30 maiores cidades da Bahia. Foram no total 37 prefeituras conquistadas pelo partido, o que representa cerca de 30% do eleitorado baiano.
No entanto, um reforço inesperado deu ao partido mais uma prefeitura: Vitória da Conquista – o terceiro maior colégio eleitoral do Estado com mais de 190 mil eleitores.
Na verdade, a gestão em Vitória da Conquista, do prefeito reeleito do município, Herzem Gusmão (MDB), era um dos principais aliados de ACM Neto no Estado, inclusive Herzem um dos nomes mais fortes para compor a chapa juntamente com o ex-prefeito de Salvador rumo ao governo da Bahia na eleição próximo ano.
Com o inesperado falecimento de Herzem, ocorrida em março deste ano, em decorrência das complicações causadas pelo Covid-19, a vice-prefeita Sheila Lemos (DEM), em teoria, manteria o posicionamento de Herzem Gusmão e reforçaria o nome do partido no município. Em teoria… na prática não foi bem isso o que aconteceu, e sim, querendo ou não, o contrário.
Sheila colocou no banco de reservas a base que o elegera, seguiu as decisões do Estado relacionadas ao Covid, deu voz e visibilidade à oposição, e com a articulação do deputado estadual Jean Fabrício Falcão (PC do B) foi a Salvador em busca do governador do Estado, Rui Costa (PT) e do Senador Jaques Wagner (PT).
Em Eunápolis, no Extremo Sul do Estado, município a cerca de 320 quilômetros de Vitória da Conquista, Cordélia Torres, também do DEM, foi eleita prefeita com 29.925 votos, 51,40% do total, desbancando o braço direito de Rui Costa (oposição) na região: o candidato a reeleição Robério Oliveira (PSD).
Por lá, Cordélia Torres logo mostrou a independência da sua gestão frente ao governo do Estado. Cordélia divergiu dos direcionamentos do governador nas medidas restritivas impostas ao município por causa do coronavírus e publicou decretos flexibilizando tais restrições. Além disso, não aderiu ao consórcio da Policlínica da Costa do Descobrimento, que será inaugurada no próximo dia 11. Questionou falta de transparência e não concordou com a eleição que definiu o prefeito de Cabrália, Agnelo Santos (PSD), (cunhado de Robério e irmão da ex-prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira (PSD) – esposa de Robério) na presidência do consórcio.
Visando a eleição do próximo ano, Cordélia Torres está oxigenando a pré-campanha de Neto Carlleto (PP) à deputado estadual, um dos apoiadores dela à prefeitura no pleito passado e também de ACM Neto naquela região.
Enquanto em Conquista Sheila Lemos converge à oposição enfraquecendo a própria base, Cordélia Torres estimula e cria novos caminhos para o seu município e apoiadores.
Resta a ACM Neto, presidente nacional do DEM e que trabalha com o seu quadro no Estado para chegar até o Palácio de Ondina, analisar e torcer para que as gestões do partido corroborem ao seu objetivo e diretrizes partidárias. Pois, pelo menos em Conquista, apoiadores e eleitores da chapa Herzem/Sheila não estão nada contentes com os caminhos trilhados por Sheila Lemos: perda de votos.